A propósito de Mário Sá Carneiro




A um morto nada de recusa
Ir à andaluza ao próprio enterro
Saber de quais pecados se escusa
Chorar com ele o último desterro


A um morto nada se recusa
Pois seus modos não são modos de viventes
São antes de tudo maneiras mortas
Pegadas tortas num terreno movediço
Embriagados que estão de seu feitiço

Pois o que haverá além disso ?
Uma montanha na planície do inferno?
Uma caverna na fronteira do céu ?
Um pesadelo concebido no papel
Através da poesia de um estrangeiro?

Seu nome o tempo esconde
E o tempo mofa
Mas sua poesia o faz um ser inteiro
E na lápide escondida jaz seu nome
O poeta português que é Sá Caneiro

***

Ricardo Soares / 19 de março de 2007

Comentários

Anônimo disse…
Bem legal o blog, Ricardo. Gosto muito do Sá Carneiro também. Só uma pequena correção: no texto de baixo, sobre o Pimenta Neves, está ´20 anos´, em vez de sete.

Grande abraço.
Ricardo Soares disse…
Obrigadíssimo pela correção André... estou corrigindo na hora... é meu primeiro "erramos"...thanks...
Isabela Lage disse…
Ricardo, muita linda a homenagem! Estou adorando seu cantinho, beijinhos

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