CONTRACULTURA

CONTRACULTURA NÃO MARCA TOCA

“A vida é oca como a toca de um bebê sem cabeça” escreveu certa vez na letra de uma canção o outrora contracultural Caetano Veloso hoje um senhor bem posto no establishment midiático. Pois tal qual Coca –Cola contracultura é isso aí ! Um contraventor cultural de ontem vira um incorporado de amanhã repetindo a máxima do “jovem incendiário” X “ coroa bombeiro”.
Talento a parte Caetano Veloso é isso. E isso também é o que tenta demonstrar o livro “ Contracultura através dos tempos” dos jornalistas americanos Ken Goffman e Dan Joy que vão a muitos períodos de nossa história como a Grécia Antiga e a Hiroshima da bomba atômica para provar que a contracultura não é oca,muito ao contrário. É densa, e finca os alicerces da cultura oficial que se apropria dos seus valores e a transforma em negócios depois como provam as milhões de camisetas de Che Guevara e Jimi Hendrix espalhadas em peitos jovens e varonis de todo o planeta .
O livro aqui comentado tem belíssima introdução de Timothy Leary, alguns capítulos saborosos e outros nem tanto. Sem contar que trata alguns assuntos com desproporção. Exemplo ? Diz que o livro Verdade Tropical do já citado Caetano chamou a atenção do mundo para uma praticamente desconhecida contracultura histórica que foi centrada na música do Brasil “chamada Tropicália ou Tropicalismo”. Tá vendo ? você acaba de aprender que Caetano é muito mais do que parece ser. Um homem pródigo em fazer amigos e influenciar pessoas como os autores que o colocam no mesmo pódio de Sócrates, o filósofo e não o ex-craque inchadão. ( Ricardo Soares, PUBLICADO EM ROLLING STONE/Brasil número 7)