o inesgotável escritor de cartas Mário de Andrade

Escrevi aqui outro dia sobre a má interpretação que são dadas a alguns e-mails que enviamos. Os correios eletrônicos tem substituido as cartas nesses "tempos modernos" que estão cada vez mais parecidos com o título do famoso filme de Chaplin. Muito da história da literatura contemporânea no Brasil e no mundo foi contada e é sabida através das correspondências entre autores, ou das cartas de amor e de ódio de escritores de diferentes matizes. Fosse vivo o nosso Mário de Andrade seria um compulsivo redator de e-mails e não tenho a menor dúvida de que teria um ou mais blogs. Cada qual para os assuntos que lhe interessavam como música, literatura, cultura brasileira e afins. Mário escreveria e-mails a torto e a direito mesmo sabendo do risco deles serem mal interpretados e digeridos. Afinal ele foi dos mais incansáveis escritores de cartas que se tem notícia na literatura brasileira talvez perdendo apenas para o mestre Luis da Câmara Cascudo que pouco tendo saído de Natal construiu uma obra inigualável como escritor, folclorista e homem de cultura se valendo de uma fantástica rede de informantes no Brasil e no exterior. Câscudo era um Google do passado quando se referia a folclore.

Mas voltando ao Mário. Depois de virem a tona no decorrer dos anos tantos livros com a correspondência entre ele e poetas e escritores fundamentais ( como Manuel Bandeira e Fernando Sabino)a gente pensa que já viu tudo no que tange às cartas do autor de "Macunaíma". Pois eis que surge em 2009 mais uma faceta da epistolografia ( eita palavrinha chata !)de Mário. É o livro "Pio&Mário diálogo da vida inteira", a correspondência entre o fazendeiro Pio Lourenço Corrêa e Mário de Andrade entre os anos de 1917 e 1945. É um livro lançado pelas edições SESC/SP que eu não li mas já gostei. Aliás é a primeira vez na vida que escrevo sobre um livro que não li. E por que faço isso ? Por considerar que nada que venha de Mário de Andrade seja inaproveitável. E por considerar que os trechos que os divulgadores do livro nos selecionaram são bons. E por considerar que o aval do professor Antonio Candido ( muito amigo do fazendeiro de Araraquara-SP) e de Gilda de Mello e Souza mereçam muito mais que crédito ao afiançarem a personalidade rica , excêntrica e original de Pio Lourenço Corrêa que era 18 anos mais velho que Mário de Andrade , diferença etária que não impediu uma rica correspondência entre eles. Eu vou atrás do livro. Para aqueles que porventura estejam interessados o lançamento será no dia 25 de maio em São Paulo,no Teatro Anchieta/Sesc Consolação e no dia 3 de junho no Instituto Moreira Salles no Rio de Janeiro. À noite.

Comentários

Udi disse…
...de novo sou a primeira?
Li muito rapidamente mas adorei a 'viagem' de como seria o Mario de Andrade hoje... tudo a ver!
Sobre o livro... depois cê conta um pouquinho prá gente? Porque eu ainda tô com o Gorz nas minhas pendências de leitura.

E, o que acontece com a garota da imagem do dia? ...já é um desenho, mas dá prá ter legenda? (...risos!)
Jaime Guimarães disse…
Ricardo, acho que muitos escritores do passado escreveriam freneticamente hoje, também. O Bukowski ficou fascinado com o computador e começou a escrever à beça...rsss E deve haver tantos e tantos outros exemplos por aí.

Tal como Mário de Andrade. Aliás interessante...tem uma "molecada" aí que não conhece carta, imagine! A correspondência pessoal, escrita à mão ou à máquina de escrever ( hein?). Imagine...

abs!
Jean Scharlau disse…
Li a correspondência com Manuel Bandeira, na praia, em uma semana de férias. Juntei o ótimo ao excelente.
Anônimo disse…
...(murmurando)...
Este cara da foto parece o Oswald e não o Mário.
Anônimo disse…
O maior ignorante eu. É o Mário mesmo. O.o
Re disse…
Queria muito ler o seu blog, mas esse fundo ROXO é de matar!!!
Qunado mudar a cor do fundo por favor me avise, eu gostaria de ler o seu blog!!!

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