Curralinho,África,Minas e Brasil

       Nossa Senhora do Rosário de fato garimpa virtudes e preserva a tradição conforme anunciou a faixa diante da igreja de Curralinho nesse último domingo de tarde onde uma enorme procissão celebrou a santa e o sincretismo religioso fora das teorias . Foi prática mesmo. Batuques afros, representações católicas, profano e sacro se fundindo diante dos nossos olhos e entrando igreja adentro sob uma chuva de pétalas de rosas e pipocas.

   Curralinho não fica muito distante de Diamantina, interior de Minas, terra de Juscelino, serestas e muita tradição. Eu ali pescava histórias, depoimentos e reminiscências de JK e fui parar no Curralinho com o fotógrafo Juvenal Pereira e nosso lendário colega Nem de Tal  (fotógrafo de mão cheia que virou dono do sensacional Pouso da Chica em Diamantina) além do coreógrafo Robson e o cinegrafista Minelli.

    Um domingo de surpresa em cima de surpresa. O povo de Curralinho,quase sem o incômodo dos turistas que por vezes mais atrapalham e desvirtuam uma festa do que acrescentam, fizeram diante dos nossos olhos cansados de guerra  mas nunca de ver as belezuras do mundo um espetáculo que eu pouca vezes tinha visto. Exatamente a antítese da clássica cena  do "Pagador de Promessas" em que o padre impede a entrada da cruz  de Zé do Burro na igreja.
 A igreja em Curralinho admite com naturalidade o sincretismo como manifestou tranquilamente diante de nós o padre local. Nos deu a entender inclusive que se assim não fosse feito ela perderia seus fiéis. Desgastado ou não o mote devo dizer que fiquei felicíssimo com o choque de "brasilidade"  e sai de alma lavada do Curralinho. Ainda mais depois da boa prosa com os amigos, boa cachaça , torresminho,queijo e um caprichado feijão tropeiro. Deve ter sido presente do JK. Fomos atrás dele por lá e encontramos a modernidade da antiguidade. Curralinho é África , é Minas, e é Brasil.

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