O PARADOXO DO VIAJANTE

     
                  (vendo e sendo visto na Colômbia)

   Saramago diz que "nenhuma viagem é definitiva". E eu sempre espero que nunca seja a derradeira posto que não creio que exista outra forma melhor de aprendizado em todos os sentidos do que a viagem. Quando você viaja não apenas vê,mas é visto e , de novo, voltamos a Saramago no prefácio do seu livro "Viagem a Portugal" onde ele afirma que viajar é "encontro nem sempre pacífico de subjetividades e objetividades". De fato temos a fusão de reconhecimento, busca,coração na boca, pequenos sustos, grandes surpresas, confirmação, decepção,surpresa,alumbramento, sensação de estar vivo e bem disposto.   
     No entanto ao viajante resta sempre o paradoxo. Ou paradoxos. Um dos quais é querer estar livre, solto e sempre ter que arrastar a bagagem, aquele pedaço de si mesmo que arrasta por situações inadequadas, daí o termo "mala" ser perfeito pra designar algo muito chato. A mala é um calo, uma frieira,um quisto que se carrega em qualquer jornada por mais que a gente abrevie a bagagem.Morro de inveja do falecido multimilionário americano Daniel Ludwig que ( reza a lenda) viajava mundo afora com a roupa do corpo. Chegasse onde fosse seus assistentes já haviam comprado as roupas e sapatos que ele usaria em sua estadia e quando partia Ludwig deixava tudo pra trás.
     Se o ricaço ficava longe desse paradoxo não tenho conhecimento se também se livrava de outro que é justamente o desejo, a ânsia de conhecer novos lugares e pessoas mas, a certa altura,sentir falta de sua cama, seu travesseiro , sua casa. Uma impressão que mora dentro de mim é que por mais que as estradas sejam longas e os caminhos múltiplos sempre bate essa saudade de casa. Há quase um mês ando batendo perna entre interior de São Paulo,Brasília, Belo Horizonte, Sabará , Diamantina e outros recantos. Num rápido pit stop no computador de casa hoje preparo de novo a bagagem pra me mandar pra Salvador.Feliz por partir mas olhando de soslaio as coisas boas que deixo pra cá no acolhimento do meu teto.

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