Os índios invisíveis de Belo Monte

        Toda questão polêmica que acompanhamos a distância torna-se nebulosa pois não percebemos as nuances que só a proximidade -inclusive geográfica- nos traz. Foi assim comigo na questão das Farc - que vi de longe de um jeito e de perto de outra maneira - e deve ser também com questões como a transposição do Rio São Francisco e da usina de Belo Monte.
     O tema "transposição" já foi mais debatido e hoje parece ser a constatação da tragédia anunciada sobretudo pelo porta-estandarte da estupidez na ocasião o sempre deplorável detrito político chamado Ciro Gomes. Por conhecer bem a região da transposição e por ter procurado me informar a respeito na época do debate efervescente formei opinião de que nenhum dos argumentos esgrimidos pelo Ciro Megalô e qualquer outro defensor desse absurdo se sustentava. O que vemos na prática é a estupidez se consumando e dando razão a todos os críticos da transposição.
     Quanto a Belo Monte não cometeria a leviandade de dizer que li e sei tudo a respeito. Sequer conheço bem a região. Mas se formos nos dar ao trabalho de apenas ver quem está a favor de Belo Monte e quem está contra será muito fácil tomar partido. Se isso não bastasse o que a mim mais incomoda é o absoluto desprezo com que tratam as comunidades indígenas no entorno que não são ouvidas, consideradas ou levadas em conta. Como sempre para os poderes constituídos os índios se convertem numa população invisível . É como se não existissem, não devessem ser levados em conta. E a questão piora a cada dia já que não temos mais vozes superlativas como as de Darcy Ribeiro pra defendê-los. 
     Tudo leva a crer que Belo Monte é uma catástrofe sobre qualquer ponto de vista. Mas estão todos muito resolutos em levar a frente essa estupidez. Para que eu não tergiverse levianamente sobre o que conheço na superfície convido o "leitorado" a escutar a esclarecedora entrevista do procurador da República no Pará, Ubiratan Cazetta que explica direitinho o quanto os índios são considerados invisíveis  nessa questão . Escute aqui no blog da Maria Frô. 

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