mergulho a esmo em Santo André e Paranapiacaba

        (...) Primeiro é preciso dizer que a praça dezoito do forte já foi mais bonita. Primeiro é preciso dizer que a Senador Flaquer já foi mais bonita e que a linda vila de Paranapiacaba pertence a Santo André assim como a horrenda Vila Elclor onde há mais de vinte anos passados um avião pequeno se esborrachou em um morro numa tarde nevoenta de domingo fazendo os cinco ocupantes se transformarem em um mingau vermelho pisado pelos bombeiros.
    Primeiro é preciso dizer que só se anda em primeira ou a pé em Paranapiacaba. Os carros em muitos lugares não passam como não passa o futuro entre os casarões antigos dos ingleses que já morreram a ali moraram quando mandavam a peãozada construir a estrada de ferro que descia a serra. O casario está de pé e um virou até museu das frescuras inglesas. Tem porcelana, mesa, cadeira, sapato do cuzão inglês que mandava no pedaço. Tem toalha de renda, espelho, janelas limpas, boa visão de toda a vila. Aquilo ali na verdade nem parece um pedaço do ABC. No cemitério do outro lado da vila, o lado oposto ao da estação, é um cenário curioso . Todo fim de tarde o nevoeiro que por ali cai deixa os túmulos meio escondidos. Daria um ótimo cenário para uns filmes baratos de terror com os fantasmas dos maquinistas e foguistas da vila correndo atrás das estudantes de jornalismo coxudas que vão ali para pesquisar ano após ano. Já andei muito em primeira e a pé pela Vila de Paranapiacaba. Já senti o cheiro de ferro velho e enferrujado que sai dos trilhos e dos vagões apodrecidos. Já tomei mais de uma vez pinga com torresmo em uma venda antiga que o meu pai quando vivo apreciava. Já vi burro cagando na rua, velho escarrando na sarjeta, gente fugindo do frio e o relógio inglês e lindo do alto da torre me dizendo : “tô te vendo , tô te vendo, tô te vendo ...” (..
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