mergulho a esmo em São Bernardo do Campo

(...)Minha mãe na verdade também nunca entendeu direito o meu pai com seu corpo grande que ficava meio espremido dentro do fusquinha marrom naquela suado trajeto diário entre São Bernardo do Campo e o bairro do Jaraguá, em São Paulo. No painel do carro uma imagem de São Cristovão guiando os caminhos. Um imã-amuleto. A certeza de que além da imensa distância diária que percorria haveria de ser feliz o retorno para casa muitas horas depois de sair quando chegava com o pão debaixo do braço ; a gente chamava de bengala, lembra ?
Também vinha sempre chupando balas de hortelã para disfarçar o bafo da talagada que havia tomado na padaria . Era para esconder da mamãe que em virtude das bebedeiras do meu avô não suportava homem que bebia. Aí,depois que ele chegava, muitas vezes eu lhe tirava os sapatos e as meias e ia buscar os chinelos velhos no quarto. E meu pai esperava a janta falando pouco.(...) 

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