Carlão Reichenbach para sempre

    
        Em tempos idos eu me entusiasmava com os esforços autorais do cinema nacional. Via tudo, mesmo que ruim, para prestigiar a causa. Depois joguei a toalha e hoje sou cético especialmente depois que conheci as 'panelinhas", acertos, conchavos e tramoias que regem o cinema brasileiro quase sempre de pires na mão em busca de financiamento que infelizmente acabam por resultar em filmes péssimos na maioria dos casos. Isso sem contar na imensa presunção da maioria dos cineastas caboclos que se levam a sério e se tem em alta conta com uma cinematografia pífia e tatibitate .
    Uma das poucas exceções sempre foi o Carlão Reichenbach que levava a sério o cinema mas sem perder a ternura e deixando a presunção na sala de espera. Sua 'alma corsária' ,que não por acaso foi título de um dos seus filmes mais bonitos, o levou a se virar para não mendigar grana fazendo homéricas concessões . O levou a buscar fórmulas criativas e parcerias com muitos cúmplices para poder viabilizar suas utopias criativas. Carlão era uma 'moça" no sentido mais poético e terno do termo.
    Estive com Carlão inúmeras vezes na vida . O entrevistei para jornais, revistas e tv. Admirava sobretudo sua busca pelo estilo pessoal e marcante tal qual o finado e saudoso Walter Hugo Khoury. Sua morte nos pega de surpresa pois ainda esperava que ele ainda fosse aprontar muito na vida. Parte aos 67 anos cheio de planos e automaticamente vira santo com uma porção de cretinos que não o ajudaram babando ovo para sua vida e obra agora. Óbvio dizer que nosso pobre cinema nacional ficou mais pobre ainda. São Paulo da qual o cinema de Carlão era completa tradução mais ainda. Quisera eu que o também finado bar do Léo na rua Aurora , nas cercanias do cinema da Boca que ele sempre frequentou, ainda estivesse aberto para que eu tomasse uma por ele. Mas os tempos são bicudos. O Léo está fechado e o Carlão infelizmente baixou de vez as suas portas. Sorte que ainda podemos assistir aos seus filmes.

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