os zumbis de Higienópolis

         
    Ainda resta um assuntinho sobre minha participação recente em um juri para escolher curtas contemplados com verbas para realização : os zumbis. Isso mesmo. É impressionante como a moçada está presa à estética dos zumbis e mortos-vivos tal o número de filmes a respeito que eles propõe. Mas o mais curioso é a falta de ousadia. A zumbilândia da moçada não ultrapassa as fronteiras originais dos filmes de George Romero e congêneres. Fica por ali mesmo. Mera cópia. Juro que se eu fosse dessa geração ao menos proporia aos jurados o seguinte, na abertura ou título do roteiro original : "Sim, é filme de zumbi, mas com abordagem original". 
      Mas qual , enfim seria a abordagem original a essa altura ?  não, não é colocar um zumbi entediado no alto do edificio Copan ou Martinelli e muito menos entre os zumbis vivos da cracolândia. Talvez fosse colocar nossos zumbis paulistanos a vagarem por congestionamentos apocalípticos em busca de etanol ( que foi como os gringos rebatizaram nosso álcool) ou vagando por ônibus lotados pelas periferias em busca de vagas nas escolas públicas ou ainda aterrorizando os pescoços da "gente diferenciada" de Higienópolis que vê zumbis em qualquer cidadão que tenha saldo bancário inferior ao deles. Então é isso moçada : façam zumbis , mas o turbinem com um mínimo de criatividade.

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