LUPICÍNIO E DIREITOS HUMANOS NA TV BRASIL

     


    Não é que eu fique constrangido em falar de comunicação pública, tema que adoro e ao qual me dedico profissionalmente há muitos anos. É que em virtude de meu cargo atual (ninguém é nada, a gente sempre “está” como lembrou certa feita o ex-ministro Eduardo Portela) fica parecendo que estou a puxar brasa para a minha sardinha. Mas corro o risco. Vamos à pesca. 
 Essa semana tive duas excelentes notícias que em breve estarão na grade de programação da Tv Brasil e que fazem a gente acreditar que são muitas e saudáveis as diferenças que permeiam a comunicação pública e a comercial que faz carinha feia pra gente junto à maior parte da mídia que adora dar agenda negativa dos veículos públicos fazendo coro com aqueles que dizem “não vi e não gostei”. Mas essa é outra prosa. 
 Por que me ufano aqui ? Simples . Estão ficando prontas, entre tantas das nossas boas atrações, dois produtos de dar gosto que estarão no ar em setembro na Tv Brasil. Um deles é o especial “ O Amor deve ser sagrado” , a MPB cantando Lupicínio Rodrigues no dia do seu centenário que será comemorado em 19 de setembro, um sabadão. Entre os interpretes Ney Matogrosso, Zé Renato, João Bosco e fina flor numa atração para lá de delicada e dedicada a um dos gigantes de nossa música. 
 Outra atração,essa estreando no dia 10 de setembro,às 19 e 30,é o programa + DIREITOS +HUMANOS, uma co-produção da EBC-Tv Brasil com a TVT ( Tv dos Trabalhadores) e Instituto Vladimir Herzog que reúne no meio de um bem bolado palco e platéia diferentes grupos de diferentes regiões do Brasil que mostram e discutem seus focos e problemas , um interagindo com o outro. A novidade é o formato, distante da modorrice de bancada e entrevistador que tanto entedia telespectadores. É um programa dirigido ao público jovem que discute de questões ligadas às aflições das mães solteiras a associações ligadas a síndrome de Down, questões muitas referentes à cidadania , violência urbana e mobilidade do jovem brasileiro. Papo sério conduzido de jeito leve. 
 As tvs públicas, muito mais uma rede pública como a nossa, tem obrigação de levar a cabo discussões sobre os temas mais importantes da sociedade brasileira. Muitos deles não contam com a boa vontade da mídia comercial como a overdose de consumismo e alienação e quejandos afins. Só a mídia pública pode fazer isso , inclusive criticar a si mesma e a mídia tradicional. Seja no sentido de formação, seja no sentido de conscientização poder colocar no ar esses dois produtos em setembro dá aquele velho e bom sentido de lição de casa bem feita na gente no meio de tantos meandros e dificuldades da comunicação pública. Mas ela vale a pena e não é pequena como querem muitos desavisados que a rotulam apenas de “chapa branca”. Meus caros nossa chapa não é branca, é quente. 

 * Ricardo Soares é diretor de TV, escritor, roteirista e jornalista. Titular do blog Todo Prosa (www.todoprosa.blogspot.com) e autor, entre outros, dos livros Cinevertigem, Valentão e Falta de Ar. Atualmente diretor de Conteúdo e programação da EBC- Empresa Brasil de Comunicação. Acredita que Tv pública não precisa ser tv chata. 

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