Diário da meia idade 5- Passy, Cosme Velho e a Paulicéia

       


         Sábado. No lusco fusco da manhã nublada que se inicia eu digo : Bom dia! Bom dia ao meu lado da cama, bom dia a você sem pijama, bom dia dragão pousado numa flor, bom dia mundo em mutação. 
           Hoje nada é como foi ontem. Nem a literatura , nem a amizade,nem a sutileza. A glória, ora a glória é apenas um pão de queijo que rápido murcha e a noção do tempo está tão alterada que não sabemos se acordamos ao dormir  ou se dormimos quando acordamos. Assim estamos.
          Com tanta gente escrevendo mas não pensando, com tanta gente pensando mas não realizando fica fácil de imaginar que o caminho mais fácil é buscar um estelar portão de embarque para outro planeta. Sucede que essas passagens ainda não foram vendidas e não há previsão para abertura dos portões.
        Quem reinventa a roda rodou. A mim nem a catarse da escrita me completa. Sei que vi e perdi mas isso não é pessimismo , é realidade. Não basta força de vontade nem palavras inócuas. Não basta a fama de mau nem meia dúzia de palavras ranzinzas . O que está posto está posto. O acaso resulta em frangalhos e pega atalhos numa rua de Passy em Paris , diante da casa de Balzac. Também ronda o Cosme Velho, no Rio, onde morreu Machado de Assis e por fim ronda a desvairada Paulicéia de Mário de Andrade. Então não posso ombrear com palavras com quem as fez tão bem. No entanto não me presta apenas dizer amém.

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