WINDECK, uma novela angolana e seus bastidores brazucas

     
  A mídia brasileira pouca ou nenhuma importância dá a comunicação pública como se o fato de ser ligada diretamente ou indiretamente a governos estaduais ou federais invalidasse as boas ações e iniciativas que as vezes enseja. Se a essa altura ela é relevante ou não é outra questão, muito mais política , muito mais complexa do que caberia nesse breve relato.
  Justamente pela mídia não dar qualquer importância a comunicação pública ações inéditas e até notáveis passam totalmente desapercebidas. Uma delas foi a estréia , em fins do ano passado, da novela angolana chamada “Windeck” exibida desde então pela Tv Brasil , uma fração da EBC, Empresa Brasil de Comunicação. É a primeira vez que uma novela africana é exibida entre nós. É a primeira vez que os africanos (angolanos) são vistos por suas próprias lentes, por seus próprios olhares , por suas próprias dimensões. Um feito e tanto e quase registro nenhum na mídia fazendo com que a novela ( que tem todos os clichês do gênero e é divertida) amargue um ponto de audiência o que em termos de Tv Brasil ainda é muito. Por isso me pergunto sempre se a irrelevância da Tv Brasil é por culpa dela mesma e seus processos internos ou também e sobretudo pela má vontade que muitos tem com ela.
    Reluto ainda em falar desse assunto e da própria novela Windeck em si porque participei ativamente desse processo no ano e meio que fiquei como diretor de conteúdo e programação da EBC a convite do jornalista Eduardo Castro (então diretor geral) e bancado pela ex-ministra Helena Chagas. Não vou expor as minhas dificuldades no cargo . Prefiro falar das minhas alegrias. E uma delas foi ter ajudado a colocar essa novela no ar que tão pouca repercussão teve assim como quase tudo o que a EBC faz. Repito que reluto em falar do assunto porque fui e sou parte interessada. Defenderei sempre conteúdo diferenciado nas tvs públicas. Sobretudo conteúdo das tvs públicas estaduais de todo o Brasil e conteúdo que não tem espaço nas tvs convencionais sejam abertas ou fechadas.   Windeck poderia até ser exibida por outras tvs . Mas foi a Tv Brasil que teve a coragem de fazer isso e tanto eu quanto o ex- diretor geral fomos criticados por isso. Eduardo Castro tinha ouvido falar da novela. Eu também e ele me demandou pra correr atrás o que fiz com  um pequeno grupo.A novela está aí. Não quero confetes por isso. Não fizemos mais do que nossa obrigação. Mas, mortal que sou, me incomoda não apenas o pouco caso que fazem com essa ação mesmo depois da novela ter ganho um prêmio importante aqui no país pelo simples fato de ter sido exibida. E, mortal que sou, não quero os louros que ,afinal, são de muitos. Mas há uns poucos que sorriem nas fotos da premiação por uma ação que não empreenderam , não ajudaram a construir e da qual não participaram. A esses ofereço a velha receita do remédio “Simancol” ao mesmo tempo que torço para que estejam imbuídos do espírito de que pra fazer a diferença é preciso apostar no novo. Em todos os sentidos. Pegar carona em modestos feitos alheios é no mínimo deselegante. Quanto à mídia não tenho a menor esperança que vá torcer a favor do sucesso da comunicação pública. Ela continua sendo uma trincheira das mais difíceis. Uma novela que precisa de um “turnover” total pra ter relevância.

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