Nosso povo não merece respeito

      Aí você acorda cedo numa manhã nublada, passa o café, faz um pãozinho na chapa , liga o rádio. Um ritual quase diário. E se dá conta que está no Brasil e infelizmente as ondas sonoras lhe trazem uma enxurrada de tristes notícias envolvendo um dos mais abjetos seres humanos da República , o deputado e presidente da Câmara Eduardo Cunha. O sujeito , hoje , acaba de ser citado pela terceira vez por um terceiro delator da operação "Lava Jato"como beneficiário de propinas. O sujeito viajou nos últimos tempos 74 vezes de jatinho da FAB para viagens particulares de Brasília para sua casa ( no Rio) a um custo médio de 80 mil reais por voo. O sujeito que em qualquer campanha eleitoral que participe como candidato usa como mote a frase " nosso povo merece respeito". Imagine se não merecesse. 
          Aí o café faz efeito, você desperta por completo e num desalento que se soma ao nacional se dá conta de que é impotente, nada pode fazer diante das aberrações dessa legislativa triste figura que se dá ao luxo de ignorar as denúncias contra ele  e declarar ( como fez ontem)  que não fala a respeito delas  "pois são antigas". Pede peremptoriamente que os repórteres procurem seus advogados com a prepotência que lhe é peculiar. 
       Aí você se senta diante do computador, checa a correspondência eletrônica em busca de raras boas notícias, se certifica mais uma vez que o país inteiro está em crise e que o tal presidente da Câmara, que não tem um currículo mas uma "folha corrida",  não se constrange em capitanear um processo de afastamento da senhora presidente da República, perdidíssima tal qual cego em tiroteio.  
          Aí você se depara com uma porção de mensagens contra depressão e tristeza,outro tanto de mensagens que clamam pelo nosso cada vez mais ralo otimismo. Aparecem nas redes sociais os arautos do evangelho, da auto - ajuda, dos santos de pau oco que dizem que estão aí para nos salvar. E descobre,consternado,que ao contrário do que diz o abjeto deputado "nosso povo não merece respeito" e que o escritor Euclides da Cunha cavalga diante do nosso ideário atual por conta de uma frase histórica : "o sertanejo é antes de tudo um forte".Troque o sertanejo da frase pelo brasileiro velho Euclides e entenda aí da eternidade qual é a extensão de nosso drama.  
      

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