O AMOR NOS TEMPOS DA DISTIMIA

    

   Há 20 dias cheguei de uma temporada de três meses fora. Dada a intensidade calamitosa do momento  presente parece muito mais. Imagino nada poder acrescentar ao torrencial número de relatos sobre o que acontece mas (redundo)digo que nunca vi meu país viver momento como esse. Nem na ditadura, nem no período posterior  a ela se viu tanto desencanto, pessimismo e, ao mesmo tempo, tanta determinação em não esmorecer.
  A essa altura do triste campeonato vejo a democracia que todos nós lutamos para construir se esboroando porque um lado não aceitou a derrota muito embora o lado vencedor tenha descumprido promessas, se composto com todo tipo de bucaneiro predador e permeado suas ações de inações, imobilismo, aparelhamento e incompetência.
   Muito se tem falado de como no futuro os livros de história registrarão esse momento. Que não se iludam os golpistas tratarão isso como golpe. Até porque creio que os livros de histórias marcantes não serão escritos por cacarejantes fascistas como Marco Antonio Villa e sim por gente série que saberá manter a distância regulamentar das paixões do momento.
   Isso posto não posso crer que tanta juventude (sim a da minha geração também!) tenha suado tanto a camisa, tenha corrido tantos riscos para chegar nesse ponto de retração e retrocesso. Vamos devolver o país àqueles que sempre dele se serviram para saciar suas próprias fomes ? é quase certo que sim. E é quase certo que um dia antes da tal votação do impeachment em Brasília, seja qual for o resultado , estaremos todos perdidos porque andamos muito para trás. É difícil manter o amor no coração nos tempos da distimia.

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