BRASIL : TERCEIRA DIVISÃO DA LITERATURA MUNDIAL

     

     Uma hora atrás vinha eu com meus surrados botões dirigindo pela rodovia Raposo Tavares de volta para casa quando por conta de uma releitura do livro "Paris é uma festa" de Hemingway comecei a pensar nos homens e mulheres de letras do nosso Brasil varonil de hoje. Sim os tais "profissionais" (ou nem tanto) de nossa literatura. Aqueles que muitos consideram que  sejam necessários no Brasil embora muitos poucos leitores de fato os acompanhem. 
    Dito isso passo para uma pergunta : poucos leitores acompanham nossa literatura contemporânea por flagrante desinteresse ( preferindo autores importados) ou a nossa atual literatura é tão desinteressante que não merece ser acompanhada ?
     Muito embora já não acompanhe de perto o tal mercado editorial nativo como o fazia até 2005 ( quando ainda dirigia e apresentava o programa "Mundo da Literatura") ainda procuro estar por dentro do que acontece e , confesso senhoras e senhores, que vislumbro um cenário quase desértico com algumas poucas exceções que terei o atrevimento de nomear e , por favor, se nomes tiverem a acrescentar o façam pois posso mesmo estar por fora.
        Vamos começar pelas "moças" . Tirando Márcia Denser que para mim já é cânone e a querida e pouco conhecida Regina Rheda quem mais está chacoalhando a carruagem, botando pra quebrar sem aqueles tatibitates de "discussões de relação", crises existenciais dentro de apartamentos, pseudo- transgressões envoltas em tatuagens e delinquentes de boutique?  Vamos parar com hipocrisia. A mulherada está imersa numa baita covardia formal , experimental e coisa e tal. Me dá um sono danado folhear os livros ficcionais do mulherio do Brasil.
        Agora os rapazes: muita pretensão e pouca criação os males dos escribas são. Óbvios , rasteiros, comedores de bistecas pseudo-transgressivos, bebedores das mercearias e das feiras literárias propagando uma tosca ação entre amigos e umbigos. Noves fora alguns trabalhos do Marçal Aquino, Fernando Bonassi e Nelson de Oliveira o que me sacode as entranhas não passa da leitura dos bacantes Marcelo Mirisola e Reinaldão Moraes. E incluo no rol das boas surpresas recentes o valente Manoel Herzog  que também se intitula Germano Quaresma.
       Passei anos  de minha vida em muitas mídias e vidas de jornalista levantando a bola da literatura nativa , sendo um escritor bissexto intimidado e encurralado por tanta boa literatura que vi florescer nos anos 60, 70 e  80. Mas daí pra diante não adianta o prezado Nelson de Oliveira querer forçar a barra com aqueles "manuscritos dos anos 90" porque a safra piorou em demasia. Muita pretensão dando a impressão de que não leram nada do que veio antes deles. Isso fora a falta de discussão sobre o assunto nesses encontros e salamaleques onde se debatem trivialidades e não a crise criativa da literatura brasileira. Quando é que vamos nos preocupar menos com mercado e mais com o conteúdo do que vem sendo feito ? Por favor baixem a bola porque assim como nossa "selecinha" brasileira estamos hoje é na terceira divisão da literatura mundial.


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