GERDAU E MAD MAX

      









    Entre os tantos clichês da ficção cientifica  são mais do que manjados aqueles que apontam para estradas abandonadas com desníveis no asfalto e mato nas bordas. Outro também bastante comum é um horizonte manchado por grossas colunas de fumaça e ruínas ao redor dos acostamentos.
      Pois ontem encontrei exatamente esse conjunto de clichês no curto porém intenso trajeto por estradinhas internas entre Conselheiro Lafaiete e Gagé um distrito distante da mesma cidade que foi quase inteiramente detonado pelas mineradoras e pela Gerdau que tem uma gigantesca siderúrgica aqui, a antiga Açominas. Ela se esparrama por toda a região fazendo há décadas um estrago que presumo irreversível em que pese ter a seu favor o argumento de que sempre gerou muitos empregos.
    O que vi ontem foi assustador. Recantos bucólicos transformados em pura desolação, poeira de minério envolvendo cabeças, troncos e membros e um intenso e descuidado tráfego de caminhões pesados que destroem tudo em volta como o descaso demonstrado na conservação da histórica igreja de Nossa Senhora da Conceição da Passagem do Gagé que fica trancada , cercada de erosões,  e fechada a chave a partir de uma porteira à beira da estrada devastada que ficou sem saída quando a Gerdau simplesmente decidiu fechá-la. Ou seja, a velha lógica de que tudo que gira em torno da mineração em Minas  é intocável segue firme e forte. Aqui com os parasitas predadores de sempre (vide o desmascarado Aécio) segue a sanha destruidora  com a batida desculpa da geração de empregos. E transformam estradas internas das Minas Gerais em cenário reais dignos de Mad Max. Que os céus nos protejam de novos desastres ambientais do estilo Samarco.

Comentários

Postagens mais visitadas