De volta ao bizarro Dr.Rey

   


Há uns anos escrevi nesse blog sobre a criatura bizarra, andrógina e plastificada, o tal Dr. Hollywood ou o Dr. Robert Rey.  As pretensões presidenciais dessa criatura  me fazem voltar ao divertido tema em republicação aqui da crônica do DOM TOTAL. ( ORIGINAL CLIQUE AQUI)


O esquisito "Doctor" Rey


Por Ricardo Soares*
Há alguns anos escrevi no meu blog sobre a criatura bizarra , andrógina e plastificada, o  tal Dr. Hollywood ou o Dr. Robert Rey, brasileiro, filho de um norte-americano que veio ao Brasil e se casou com uma gaúcha. Dizem que foi para os Estados Unidos aos 11 anos de idade por intermédio dos missionários americanos mórmons e virou um cirurgião plástico de ricos, famosos, botocados e plastificados. Ele apresentava um programa ( Que dizem que também passava nos Estados Unidos) que foi  exibido pela hedionda REDE TV! Lá cultuava as maravilhas de Beverlly Hills e apresentava além de próteses de bumbuns e seios suas coleções de gravatas, ternos , camisas , calças , paletós e sapatos todos horrendos e de péssimo gosto como convém a um rico de Miami ou de Beverlly Hills. O programa foi vendido assim no site da Rede TV! e no do próprio doutor Hollywood :
"O mais ocupado e procurado cirurgião plástico de Beverly Hills, Dr. Robert Rey nos leva toda semana à sua incrível e bem-sucedida carreira e à sua vida pessoal entre ricos e famosos de Bel Air, através do seu programa “Dr. Hollywood” aqui na RedeTV. Os espectadores irão ter uma visão privilegiada das técnicas mais avançadas em cirurgias plásticas, conhecer a intimidade de pessoas que fazem tudo pela perfeição, vivenciar sua vida com a esposa e parceira de negócios Hayley e sua filha de três anos, Sidney, no mundo de fantasia de Beverly Hills. Dr. Rey, um cirurgião plástico formado pela Faculdade de Medicina de Harvard se especializou em cirurgia plástica com o mínimo de cicatriz, ou seja, suas operações são responsáveis por deixar a cicatriz o mais imperceptível possível. Pelo fato de ele tratar de muitas estrelas, da TV e do cinema, e modelos badaladas, ele tem o maior cuidado de não deixar cicatrizes e manter as pessoas com um visual natural".
Não é sensacional ? não é de rolar de rir ? não é bom rir dos ridículos tanto quanto os ridículos riem de nossa pobreza ? Tem vezes que acho tão absurdo existirem criaturas , programas e emissoras que vendem conceitos assim que chego a pensar que estamos sendo dominados por uma casta de replicantes idiotas e plastificados. Será tudo isso ficção ? Será que o Dr. Hollywood nunca se achou ridículo ? de verdade ? A levar em conta suas ambições presidenciais e se apresentar como o "Kennedy brasileiro" parece que nunca se achou ridículo mesmo.
Na época que escrevi sobre ele no meu blog recebi uma  enxurrada de comentários , entre defensores e detratores ferozes do médico, e cheguei a uma singela conclusão. Os que esculhambam e os que defendem o dr. devem apenas se lembrar que não tenho a menor pretensão de julgar sua competência (ou não) como cirurgião pois não entendo patavina do assunto. Também não estou fazendo juízo de valor sobre o dr. pois até diziam que  ele ajudava os mais pobres. Se ajuda, como diz, melhor pra ele. O que critico, deploro e ironizo no doutor , a par sua breguice, é a estética de "vencedor - celebridade" que ele advoga. Como se fossem dignos de se considerarem vitoriosos apenas aqueles que usam botox, silicone, andam de carrões, comem caviar, bebem champanhes caras e cultuam o fútil, o vazio, o inócuo. Como se vitoriosos fossem apenas aqueles caricatos moradores de Miami ,Barra da Tijuca ou Moema que acreditam valermos mais pela griffe que vestimos do que pelas idéias que temos na cabeça. Resumindo de maneira pueril: Dr.Holywood é o arauto do "consumo e sou chic, logo existo". Eu , modestamente miserável, perto dele e sem a menor inveja de tão risível criatura, digo a todos os leitores que me detonaram que faço parte da turma do "penso , logo existo e resisto". No mais o que lastimo é que nesse Brasil do vale tudo o tal doutor se considere presidenciável . Seria mais útil se estudasse pra realizar   cirurgias de retirada de cérebros flácidos como o dele com substituição imediata por massas encefálicas mais relevantes.
Ricardo Soares é escritor, diretor de tv, roteirista e jornalista. Escreve às segundas e quintas no DOM TOTAL.

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